Museu da Gente Sergipana

Identidade

Oxe, sou do nordeste, sou de Aracaju.

Mayara Machado
6 min readMar 10, 2018

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Uma coisa que acho bastante divertida é aprender. Aprender coisas novas, coisas diferentes, aprender sobre algo que já sabia mas por um outro ponto de vista. Mas se teve algo na qual eu gostei bastante foi aprender mais sobre a história da minha cidade. É estranho e consideravelmente triste o fato de que muitos, e eu me incluo nessa conta, por vezes não dão valor a sua própria história. As vezes egoistamente pensamos que nossa história é fundamentada apenas em torno de nós, somos os protagonistas, roteiristas e diretores, esquecendo de todas as variáveis que nos influenciam, de todos os outros que já caminharam junto com a gente e mais além, aqueles que já fizeram esse caminho. É engraçado pensar que uma cidade tem uma história partindo do princípio que ela é inanimada, mas mais engraçado ainda é pensar que antes de eu estar aqui digitando esses pensamentos muita coisa aconteceu, muita gente lutou, muita gente sofreu, muita gente criou, muita gente construiu, muita gente destruiu. Estamos vivendo um momento que por vezes esquecemos que é mutável e nem sempre foi da forma que é.

Igor Gonçalves descobrindo palavras regionais escritas na parede do pátio central do museu.

Há 20 anos moro em Aracaju, capital do estado de Sergipe, e faziam 20 anos que eu não tinha visitado Museu da Gente Sergipana, o motivo? Não sei ao certo já que vontade sempre tive, talvez a palavra chave aqui seja valorização, é difícil e eu acredito que são poucos aqueles que crescem aprendendo a dar valor ao que é da terra, principalmente sendo Sergipe um estado tão pequeno e sendo influenciado por coisas grandiosas que advindas do exterior, pode surgir o sentimento de que não temos uma cultura tão forte. Mas que erro grotesco esse, há tantas histórias e personalidades, desde escritores, filósofos, ativistas que lutaram pelo povo, personalidades, muita história aconteceu por essas terras e é importante ressaltá-las ao povo sergipano. Minha experiência visitando o museu foi incrível, fiquei encantada pelas paredes com escritas do nosso vocabulário tão particular e surpresa de encontrar nessas paredes palavras que antes nunca tinha escutado e até mesmo outras interpretações para as quais eu já conhecia, nessa visita eu pude ter uma dimensão do quão diversa é a nossa cultura popular e história de quando minha cidade ainda era bem jovem. O senso de pertencimento que senti é o que eu acho que todos nós deveríamos compartilhar, conhecer e dar valor ao que é da terra para poder afirmar com orgulho quando perguntarem: sim, eu sou de Aracaju.

Peças encontradas no Museu da Gente Sergipana

Nessa pegada sergipana foi que participei e visitei a Feira de Sergipe 2018, produzida pelo Sebrae que ocorreu na praça de eventos da Orla de Atalaia em Aracaju. Lá além de participar representando a Universidade Federal de Sergipe, pelo projeto Miau Mozilla Campus Club do qual faço parte e pelo evento Hackathon Carmelita 2017 onde fui participante, também tive a oportunidade de visitar os stands e ver produções de todo o canto do estado. Além disso, tive a oportunidade de assistir mais uma vez o show de Chico Queiroga e Antônio Rogério, artistas conterrâneos que possuem músicas belíssimas e como uma boa nordestina que sou também aproveitei para prestigiar as apresentações de quadrilhas juninas sergipanas, assim como também algumas outras manifestações culturais como bacamarte, samba de côco e etc.

Feira de Sergipe 2018 realizado pelo SEBRAE na Orla de Atalaia.

Concluindo as visitas por feiras culturais, aproveitei a oportunidade para visitar a estadia da Feira das Nações no shopping Jardins, que consta com stands de diversos países do mundo e seus produtos típicos, uma ótima oportunidade para fazer aquela compra internacional sem sair de casa. A feira também apresenta em horários específicos algumas apresentações de danças, felizmente pude presenciar a apresentação de danças típicas do oriente médio.

O interessante dessa feira é a possibilidade de um contato, ainda que mínimo de culturas exteriores que no geral não temos tanto assim, algo que cai no assunto que comentei logo no início desse tópico, sair da caverna e conhecer o mundo lá fora. Um visão macro é tão importante quanto uma visão micro, conhecer a si mesmo e o lugar que você vive lhe agrega tanto quanto conhecer coisas increvelmente diferentes e eu sinto que pude fazer um pouquinho disso através das experiências que vivi nesses meses.

Ah, os festivais.

Particularmente acredito que poucas coisas conseguem representar a cidade como os seus próprios festivais. Acho incrível quando vejo eventos culturais voltados especialmente para a valorização da cultura da sua própria gente, são neles que conseguimos ter essa troca interna tão satisfatória de conhecimento, ver o que está sendo produzido pela gente da sua própria terra e mais ainda ver as pessoas valorizando o que é seu, isso causa em mim uma grande alegria. Aliás, festivais são sinônimos de alegria.

FESTIVAL DE ARTES DE SÃO CRISTÓVÃO 2017

E foi com muita alegria que frequentei o Festival de Artes de São Cristóvão 2017 (FASC 2017), onde pude não somente participar de um evento de computação, mas também conhecer novas pessoas, conhecer mais sobre a cultura e a comunidade que vive em São Cristóvão.

Durante o FASC 2017 pude participar do Hackathon Carmelita, uma maratona de programação com o intuito de desenvolver soluções para problemas sociais da cidade de São Cristóvão, e a participação desse evento possibilitou um contato com moradores da cidade, conhecer suas histórias e um pouco mais da sua cultura com toda certeza foi uma experiência enriquecedora, principalmente quando lembramos que de certa forma também vivemos naquele ambiente visto que a sede da UFS situa-se na cidade.

Além disso, tivemos os shows que são sem dúvidas a parte mais chamativa dos festivais, e nesse quesito eu gostaria de citar o Festival Brasileiro de Ritmos também chamado para os mais antigos de Rasgadinho. O Rasgadinho é uma manifestação cultural, um bloco de rua que há muitos anos acontece no centro da cidade de Aracaju durante o carnaval, é uma festa tradicional de Aracaju, contando com muitos shows desde arrastões com trios elétricos até apresentações no palco principal. Nesse carnaval de 2018 o Rasgadinho sofreu algumas alterações, esse que já vinha crescendo ao longo dos anos, foi rebatizado como Festival Brasileiro de Ritmos um nome nada mais que justo para uma festa que contou com diversos arrastões, 3 palcos sendo 1 principal, como o próprio nome já deixa entender é possível encontrar diversos tipos de ritmos durante o festival desde marchinhas até o tradicional forró nordestino. No palco principal acontecia shows com as diversidades musicais e nos outros palcos tínhamos músicas mais específicas, minha alegria pessoal é o forró pé de serra.

Que bela manifestação cultural é a música. Não podia faltar falar sobre ela, meu passeio cultural termina com o show de Geraldo Azevedo que ocorreu no dia 1º de março de 2018 no Teatro Tobias Barreto. Nordestino e talentoso, é sempre uma maravilha poder prestigiar grandes nomes da cultura brasileira. Enquanto assistia ao show me perguntei quantas histórias aquelas músicas não já foram trilha sonora, quantas pessoas a escutam e quais as suas histórias, todas diferentes mas ali unidas por uma batida. E não pude deixar de pensar em como a cultura tinha esse poder de unir, de representar cada um de nós mesmo em nossa unicidade, marcando épocas e registrando histórias, a minha inclusive.

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Mayara Machado

I’m very passionate about programming and currently I do it mostly using python. I’m also a pythonist.